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Quem é quem na investigação que prendeu primeira-dama e vereadora de João Pessoa

Por G1 Paraíba    Domingo, 29 de Setembro de 2024


A primeira-dama de João Pessoa, Lauremília Lucena, teve sua prisão preventiva determinada pela Justiça, na manhã deste sábado (28), após ser apontada como participante ativa de um esquema com uma facção criminosa para influenciar as eleições municipais. No esquema, ela teria nomeado pessoas indicadas pelos criminosos na prefeitura.

A investigação, da Polícia Federal, é a mesma que prendeu, em 19 de setembro, a vereadora Raíssa Lacerda (PSB), suspeita de integrar um esquema que utiliza meios ilegais para coagir moradores de determinados bairros a votarem nela.

 

Quem é quem na investigação

 

 

Lauremília Lucena

 

Lauremília Lucena, primeira-dama de João Pessoa — Foto: Instagram/Reprodução

Lauremília Lucena, primeira-dama de João Pessoa — Foto: Instagram/Reprodução

A primeira-dama de João Pessoa, Lauremília Lucena, foi presa na manhã deste sábado (28) pela Polícia Federal. Lauremília é esposa de Cícero Lucena, atual prefeito de João Pessoa que tenta reeleição. Ele não é citado na operação.

O nome de Lauremília já tinha sido citado em documentos da Polícia Federal. Em transcrições da PF, atribuídas a outras pessoas investigadas, ela era apontada como alguém que decidiria sobre a indicação de cargos na prefeitura de João Pessoa.

Os cargos, conforme as investigações, eram solicitados por pessoas ligadas a facções criminosas que mantêm o controle sobre comunidades da cidade. Em troca, essas pessoas ofereceriam facilidades de acesso às comunidades.

As nomeações seriam feitas mediante acordos ilegais com membros de facção criminosa, como David Sena e Keny Rogeus - apontados como chefes de facções no Alto do Mateus e no Bairro São José, respectivamente - para garantir o apoio da organização nas eleições.

Ela segue presa no Presídio Júlia Maranhão.

 

Tereza Cristina

 

Lauremília Lucena e Tereza Cristina, presas pela Polícia Federal na Paraíba — Foto: Reprodução/TV Cabo Branco

Lauremília Lucena e Tereza Cristina, presas pela Polícia Federal na Paraíba — Foto: Reprodução/TV Cabo Branco

Segundo a decisão, Tereza Cristina e Lauremília teriam desempenhado papéis centrais na nomeação de pessoas ligadas ao esquema criminoso na gestão municipal. Indícios mostram que elas viabilizavam a nomeação de servidores comissionados em troca de apoio político da facção e controle dos territórios durante o processo eleitoral.

Tereza Cristina Barbosa Albuquerque é a atual secretária pessoal de Lauremília Lucena. Ela também tem uma ligação próxima com Cícero Lucena, com quem trabalhou durante seus mandatos no Senado Federal.

Foi presa neste sábado (28) e segue detida no Presídio Júlia Maranhão.

 

Raíssa Lacerda

 

Vereadora Raíssa Lacerda (PSB) — Foto: Reprodução/Câmara Municipal de João Pessoa

Vereadora Raíssa Lacerda (PSB) — Foto: Reprodução/Câmara Municipal de João Pessoa

Filiada ao Partido Socialista Brasileiro (PSB), Raíssa era candidata à reeleição e, com os desdobramentos da operação e sua prisão, ela renunciou. De acordo com as investigações, Raíssa era suspeita de liderar o esquema. Ela foi presa no dia 19 de setembro, na segunda fase da operação, e permanece presa no Presídio Júlia Maranhão.

Ela assumiu a titularidade da vaga deixada pelo vereador Professor Gabriel, que faleceu no fim de maio, devido a complicações decorrentes de um acidente vascular cerebral (AVC) isquêmico.

Antes disso, Raíssa foi secretária-executiva de Direitos Humanos e Cidadania da Prefeitura de João Pessoa.

 

Pollyanna Monteiro Dantas dos Santos

 

Além de Raíssa Lacerda, Polícia Federal prendeu Kaline Neres do Nascimento Rodrigues; Pollyanna Monteiro Dantas dos Santos; e Taciana Batista do Nascimento, respectivamente — Foto: Reprodução

Além de Raíssa Lacerda, Polícia Federal prendeu Kaline Neres do Nascimento Rodrigues; Pollyanna Monteiro Dantas dos Santos; e Taciana Batista do Nascimento, respectivamente — Foto: Reprodução

Pollyanna Monteiro Dantas dos Santos é suspeita de pressionar moradores do bairro São José para determinar em quem eles devem votar. Ela foi presa no dia 19 de setembro, na segunda fase da operação.

A investigada é esposa de Keny Rogeus , conhecido como Poeta, e citado na investigação da PF como líder da facção criminosa que atua no bairro São José, em João Pessoa. O homem está preso na Penitenciária de Segurança Máxima Doutor Romeu Gonçalves de Abrantes, o PB1.

No dia 21 de setembro, ela teve prisão domiciliar concedida pela Justiça, com a justificativa de que ela é responsável por cuidar de um irmão com necessidades especiais e saúde debilitada.

 

Kaline Neres do Nascimento Rodrigues

 

Kaline Neres do Nascimento Rodrigues e Taciana Batista do Nascimento, respectivamente — Foto: Reprodução/TV Cabo Branco

Kaline Neres do Nascimento Rodrigues e Taciana Batista do Nascimento, respectivamente — Foto: Reprodução/TV Cabo Branco

As investigações da Polícia Federal apontam que Kaline Neres do Nascimento Rodrigues articulava com o líder de uma facção criminosa para conseguir votos para a vereadora Raíssa Lacerda no bairro Alto do Mateus, em João Pessoa.

De acordo com o Sagres, do Tribunal de Contas do Estado da Paraíba (TCE-PB), Kaline Neres do Nascimento Rodrigues foi comissionada da Prefeitura de João Pessoa, lotada na Emlur com o cargo de encarregada de turma. Ela foi admitida em 1º de julho de 2022.

Ao analisar o celular da vereadora, a Polícia Federal encontrou uma conversa de Kaline Rodrigues com David Sena de Oliveira, apelidado de "Cabeça". O homem é citado pela PF como o “gerente do tráfico” no bairro Alto do Mateus, responsável pelo tráfico de entorpecentes na região. Segundo a PF, Kaline enviou as conversas para a vereadora como forma de “prestação de contas”.

Ela foi presa no dia 19 de setembro, mas, no dia 23, a prisão preventiva foi convertida em domiciliar após um pedido da defesa de Kaline, com a justificatva de que ela tem dois filhos menores de idade, um deles com espectro autista.

 

Taciana Batista do Nascimento

 

Kaline Neres do Nascimento Rodrigues e Taciana Batista do Nascimento, respectivamente — Foto: Reprodução/TV Cabo Branco

Kaline Neres do Nascimento Rodrigues e Taciana Batista do Nascimento, respectivamente — Foto: Reprodução/TV Cabo Branco

Taciana era usada por Pollyana para exercer influência na comunidade e é ligada ao centro comunitário Ateliê da Vida. Taciana Nascimento e Pollyana Santos também trocavam mensagens, que segundo a PF, demonstram o controle da facção criminosa quanto aos votos dos moradores da comunidade. Foi presa no dia 19 de setembro e segue detida no Presídio Júlia Maranhão.

De acordo com dados da plataforma Sagres, do Tribunal de Contas do Estado da Paraíba (TCE-PB), Taciana Batista do Nascimento foi contratada por excepcional interesse público na Prefeitura de João Pessoa como auxiliar operacional. Ela foi admitida no dia 1º de fevereiro de 2023.

 

Keny Rogeus Gomes da Silva (Poeta)

 

Keny Rogeus Gomes da Silva, conhecido como Poeta, é marido de Pollyanna e apontado como chefe da facção Nova Okaida. Ele já estava preso no PB1 quando o mandado de prisão contra ele foi cumprido.

As nomeações dos cargos na Prefeitura de João Pessoa seriam feitas mediante acordos ilegais com membros de facção criminosa, como Keny Rogeus para garantir o apoio da organização nas eleições.

 

David Sena (Cabeça)

 

Suspeito de chefiar uma facção criminosa no bairro São José, David Sena é mais conhecido como Cabeça, também teve mandado de prisão expedido, mas segue foragido.

As nomeações dos cargos na Prefeitura de João Pessoa seriam feitas mediante acordos ilegais com membros de facção criminosa, como David Sena para garantir o apoio da organização nas eleições.

De acordo com as investigações, Kaline tentou “recrutar” David Sena para que ele apoiasse a candidatura de Raíssa Lacerda na região do Alto do Mateus. Kaline ainda teria pedido a David Sena um controle territorial na área.

 

O que dizem os envolvidos

 

A defesa jurídica da primeira-dama Lauremília Lucena disse que recebeu com surpresa e indignação o decreto de sua prisão preventiva tendo em vista que ela nunca foi chamada para prestar quaisquer esclarecimentos sobre as acusações. A defesa da primeira dama afirmou que estão sendo tomadas todas as medidas cabíveis junto ao Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba para buscar a soltura imediata dela.

A assessoria de Raíssa Lacerda informou por meio de nota que acordou perplexa e consternada com a prisão da vereadora e reiterou a inocência dela. "Como dito anteriormente, Raíssa não possui nenhuma ligação com as pessoas que foram citadas no processo da operação 'Território Livre' e a verdade virá à tona e será esclarecida".

O advogado Emanuel de Alcântara, responsável pela defesa de Kaline Neres, informou que "não tem nenhum material comprobatório que incrimine e nem que caracterize os crimes incrutados a ela".

O advogado Aécio Farias, da defesa de Pollyana Monteiro, informou que ela "nega veementemente qualquer conduta ilícita".

O advogado Felipe Pedrosa, que representa Pollyanna e Taciana, disse que ambas colaboraram com a Justiça e que as prisões preventivas vão desnecessárias.

O advogado de Tereza Cristina, Gustavo Boto, informou que vai enviar uma nota à imprensa.

O advogado de Keny Rogeus preferiu não se manifestar. A defesa de David Sena não foi localizada.

 

Outras fases da Território Livre

 

Mandado de prisão foi cumprido no apartamento de Lauremília Lucena — Foto: Zuíla David/TV Cabo Branco

Mandado de prisão foi cumprido no apartamento de Lauremília Lucena — Foto: Zuíla David/TV Cabo Branco

A operação é batizada de "Território Livre" em referência à liberdade que os eleitores devem ter de ir e vir e também de exercer o seu voto.

No dia 10 de setembro, a primeira etapa da operação foi realizada com três mandados de busca e apreensão cumpridos. A vereadora de João Pessoa Raíssa Lacerda foi alvo da operação, e um dos mandados de busca aconteceu na sua residência. No local, foram apreendidos um aparelho celular e dinheiro em espécie. Ela alegou à época que era vítima de perseguição.

Durante a 2ª fase da operação, foram cumpridos também sete mandados de busca e apreensão em diferentes bairros da cidade. Policiais federais compareceram ao centro comunitário Ateliê da Vida, localizado no São José, que foi um dos alvos dos mandados. Documentos foram levados do local para auxiliar nas investigações e para servir como provas eventuais.

Segundo a Polícia Federal, os investigados estariam exercendo influência no pleito eleitoral através do controle do território e praticando as condutas de organização criminosa, uso de violência para coagir o voto e outros que restarem comprovados.

Na 3ª fase da operação, a Polícia Federal cumpriu dois mandados de busca e apreensão e dois mandados de prisão preventiva.

 

O que é o aliciamento eleitoral, de acordo com o TRE?

 

Aliciamento de eleitor é a prática adotada por candidato, partido ou correligionário que consiste na tentativa de convencer o eleitor, utilizando-se de meios ilegais, a votar em candidato ou partido diferente daquele em que naturalmente votaria, não fosse a ação de convencimento.

O aliciamento é crime eleitoral, e é punível com detenção de seis meses a um ano, com a alternativa de prestação de serviços à comunidade pelo mesmo período, e multa no valor de cinco mil a 15 mil UFIRs.

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