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Governo promete agilizar Carteira de Identidade Nacional

Por O Globo    Quinta-Feira, 2 de Janeiro de 2025


O Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos promete impulsionar a emissão da nova Carteira de Identidade Nacional (CIN), tida como uma virada de chave para redução de fraudes e golpes, além de representar avanços econômicos e de políticas públicas no país. Com a primeira versão gratuita, o documento apresenta como principais novidades o padrão unificado em todo o território e apenas o CPF como número, além de estar disponível on-line e com QR Code na conta gov.br.

Mais de 17,3 milhões de unidades da CIN já foram emitidas, e a projeção para lá de ousada da Secretaria de Governo Digital (SGD) é que até o fim de 2026 cerca de 130 milhões de brasileiros a tenham em mãos e na nuvem — quase dois terços da população.

Para isso, a pasta encabeça uma força-tarefa diretamente com os estados, responsáveis pelas emissões, e contou no último ano com um aporte significativo do Ministério da Justiça, que vinculou 15% dos recursos de repasse do Fundo Nacional de Segurança Pública à implementação da carteira.

A ideia de um único número e modelo para os 27 estados tem na mitigação do chamado Custo Brasil, conjunto de entraves no ambiente de negócios do país que onera as empresas. E também que o documento seja o pontapé inicial para a criação de um banco de dados robusto da população, que permita fazer cruzamentos de dados que tornem as políticas públicas e os benefícios sociais mais eficazes.

— Quando falamos em transformação digital, o primeiro elemento é a identificação. E esse projeto tem um ponto de olhar para as pessoas, tanto para melhorar a qualidade dos seus direitos, do serviço público que lhe é entregue, como também de oferecer um ambiente de negócios mais seguro — diz Rogério Mascarenhas, secretário de Governo Digital.

 

Pesquisa vê impulso de 13% no PIB

 

Ele cita pesquisa da consultoria McKinsey, que diz que o país pode alavancar 13% de seu PIB até 2030 com a adoção de uma identidade digital.

— A unificação dos documentos vai representar uma diminuição de custos, porque se trata, antes de tudo, de uma economia processual — atesta Marcos Barreto, professor da Escola Politécnica da USP.

Mas a chegada definitiva da CIN aos sistemas gov.br merece atenção, dizem especialistas. Responsável por centralizar a digitalização dos serviços a partir da pandemia, a plataforma do governo passou a ter um valor ainda maior. Por isso, é preciso um trabalho de orientação da população sobre riscos cibernéticos para que a plataforma seja usada com segurança, alerta Fabio Assolini, diretor da Equipe Global de Pesquisa e Análise da Kaspersky na América Latina.

Segundo ele, os ataques para roubar esses acessos aumentaram muito nos últimos anos, algo que se repetiu em experiências mundo afora:

— Já vimos países europeus que foram ágeis na digitalização, e logo sofreram um aumento de fishing (tentativas de fraude para obter ilegalmente informações como número da identidade, senhas bancárias, número de cartão de crédito, entre outras). A tal ponto que a união europeia aprovou a GDPR, ou Regulamento Geral de Proteção de Dados, punindo empresas privadas e também estatais por não protegerem as informações de usuários — lembra.

No Brasil, o nivelamento das contas em ouro, prata e bronze, que cresce conforme o usuário fornece mais meios para averiguar sua identidade, assim como a adoção do mecanismo de dupla identificação, têm atuado na melhoria da segurança do portal. O próximo passo está em construção, com a promessa de entrada na plataforma dos bancos que operam no país.

 

Parceria com bancos para autenticar clientes

 

A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) confirmou que vem discutindo com a Secretaria de Governo Digital a celebração de um acordo de cooperação técnica. Por meio dele, as instituições financeiras vão encaminhar à base de dados da CIN informações que já têm em seu cadastro.

Por outro lado, o sistema mostrará as similaridades encontradas, o que permitirá utilizar os dados da CIN para autenticação de clientes e aumentar a segurança nos processos de cadastro e início de relacionamento com os bancos.

A previsão é de que as APIs, interfaces de programação que permitirão esta cooperação, entrem em produção de maio, com a estimativa de 40 milhões de Carteiras de Identidade Nacional já emitidas.

 

Emissões por estados

 

Enquanto o Piauí lidera o ranking de emissões da CIN por proporção da população, com mais de 27% com o novo documento, São Paulo não figura entre os cinco primeiros. O estado mais rico e populoso do país também perde em números totais de emissões, sendo superado por Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro.

— São Paulo tem uma situação particular. Além de ser um dos cinco estados que ainda permitem o modelo híbrido (com a continuidade do modelo antigo), a distribuição para emissão de carteiras é bastante complexa. Hoje, depois de alguns reajustes, como a contratação de novos funcionários, passamos a ter um número de emissões mais razoável — pontua Mascarenhas.

 

Benefícios sociais

 

A vanguarda piauense, por outro lado, pode ser atribuída a um programa piloto em que os recém-nascidos já saem da maternidade com a CIN.

Um exemplo que a secretaria almeja reproduzir pelo Brasil, visto que um dos objetivos é que a carteira acompanhe todo o ciclo de vida dos cidadãos, do nascimento até o óbito.

— Fora a questão da segurança, ela facilita a otimização das políticas públicas. Isto porque a administração já sabe que a pessoa tem direito a um benefício desde que ela nasce — afirma o secretário, e acrescenta: — É importante que as pessoas migrem quanto antes, independentemente da idade.

A CIN passa a ser obrigatória a partir de fevereiro de 2032, e pessoas com 60 anos ou mais terão a opção de não mudar o documento. Ela vai substituir definitivamente o antigo RG (Registro Geral) e tem mudanças entre as duas versões, como a troca da digital do polegar por um QR Code.

Até o momento, já foram emitidas mais de 17,3 milhões de novas Carteiras de Identidade Nacional (CINs) em todo o Brasil. Confira as listas por estados:

 

Por emissões

 

 

  • MG - 2.130.871
  • RS - 1.746.093
  • RJ - 1.497.465
  • SP - 1.363.241
  • SC - 1.320.319

 

 

Por proporção da população

 

 

  • PI - 27,42%
  • AC - 22,59%
  • MT - 17,78%
  • AL - 17,68%
  • SC - 16,38%
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