A música teve uma semana triste na cidade de Patos, no interior da Paraíba, após o registro da perda de dois ex-integrantes da Banda The Boys que fez muito sucesso na Capital de Sertão nas décadas de 70 e 80. Velhos amigos da música que partiram praticamente juntos num intervalo de apenas dois dias.
O primeiro a deixar saudades foi o baixista e dono da banda, Jorge Luiz Henrique Lira, de 70 anos, que faleceu na madrugada da última quinta-feira (03/04), por volta das 12h45.
Ele sofreu um infarto quando caminhava na Rua Manoel Motta, no Monte Castelo. Familiares contaram que ele gritou pedindo ajuda e caiu na calçada de um estabelecimento comercial. Morreu sem que desse tempo lhe prestar socorro.
Dono de um talento inigualável para música, além de proprietário da banda, Jorge era baixista, mas tocava vários instrumentos como bateria e guitarra.
Dois dias depois, para tristeza ainda maior da música, o seu amigo de banda, Pedro da Cunha Viana (Pedrinho), de 71 anos, morreu por volta das 23h deste sábado (05/04), em decorrência de uma insuficiência respiratória aguda, no Complexo Hospitalar Regional de Patos.
Sem nem tomar conhecimento da partida do amigo, Pedrinho como era chamado na banda The Boys, e que residia no bairro Jardim Guanabara, em Patos, partiu sem combinar e avisar ao amigo de banda na qual cantava as músicas em inglês.
Há três anos, ele fora diagnosticado com isquemia cerebral grave que lhe tirou o poder de raciocínio, ocasionada pelo Alzheimer e desequilíbrio ao caminhar por conta do Mal de Parkinson. Recentemente, tratava uma forte pneumonia que lhe tirou a vida e deixou a música mais triste.
Além de músico, ele foi professor de Inglês por quase 40 anos, atuando na Escola Estadual Monsenhor Manoel Vieira, em Patos, e também nas Faculdades Integradas de Patos (FIP), atual Unifip.
O sucesso meteórico da Banda The Boys nos Anos 70
A Banda The Boys, era uma banda de rock que surgiu nos anos 70, por volta de 1974, fazendo muito sucesso na época na cidade de Patos.
Em pouco tempo, a banda formada por jovens talentosos começou a cair no gosto da juventude da época e ser convidada para tocar em diferentes festas da cidade.
Tão quanto repentino foi seu sucesso, a duração da banda foi na mesma proporção. Com passagens meteóricas, a banda teve idas e vindas entre a primeira formação e reedição com outras formações.
Os músicos de renome na cidade cantavam em bailes, festas, comícios e outros eventos espalhando o rock por Patos e outros lugares fora do Estado da Paraíba.
Da primeira formação, como mostra essa foto, da esquerda para direita: Jorge, Fernando, Pedrinho, Clóvis e Val. Após essa formação, Antônio também ingressou logo depois na banda já em outra formação.
Pessoas que viveram os tempos áureos da banda, contam que realmente a primeira formação durou pouco tempo, entre 1974 e 1976.
Após uma pausa, Jorge resolveu reeditar a banda já com outras formações. Até que na última dela, o veículo usado pela banda, uma Kombi, pegou fogo em uma das viagens e a banda chegou ao fim devido dificuldades financeiras e de logística. Ali acabava o sonho de jovens talentosos de fazer sucesso Brasil afora.
Junto com a banda Os Jovens, a The Boys fez grande sucesso sendo referência da música no estilo musical a qual se propunha.
De acordo com Zé Wilson Brandão, irmão do baterista da banda, Val Brandão, ele saiu do The Boys foi para o grupo musical “Os Jovens” onde permaneceu até o fim do grupo. “Depois que quando Jorge, fundador do grupo The Boys, foi começar, ele veio me procurar para ser o baterista, mas eu não tinha tempo e indiquei meu irmão”, relatou Wilson que revelou que conhecia bem todos os componentes do grupo.
Pedro Viana (Pedim) o que aparece de camisa listrada na foto, além de tocar guitarra, cantava as músicas em inglês do grupo que gostava de cantar músicas nacionais e sucessos internacionais. “Sim, meu marido, amou demais esse conjunto e os amigos que também foram componentes desse conjunto. Época de ouro. Agradeço muito a todos por tão boa lembrança”, disse Vera Abreu.
Um dos integrantes da Banda, Clóvis Lacerda, é o único ainda em vida da primeira formação do grupo. Fernando e o Val foram os primeiros a falecer há mais tempo.
Com 70 anos, Clóvis mora hoje em Santo André- SP. Segundo ele, ele saiu do grupo para ir embora.
Em contato com a nossa reportagem, ele lembrou dos tempos de ouro da música em Patos. Ele disse que foram tempos mágicos quando muitos sonhos faziam parte do imaginário daqueles jovens, praticamente da mesma idade, de fazer sucesso no país.
Clóvis que até hoje ainda mexe com a música, lamentou profundamente as perdas dos amigos e revelou que o tempo foi cruel já que a separação deixou saudades. Ele disse que alimentava ainda o sonho de reencontrar os amigos e fazia planos para ainda este ano fazer essa viagem a Patos para revê-los, mas quis o destino que isso não acontecesse.
“E assim é a vida, queria me encontrar com Jorge esse ano, ou conversar com ele, pedi até alguns amigos aí pra encontrar ele, só encontrei as pessoas que tinham contato com o Jorge depois que ele se foi”, lamentou Clóvis.
Várias fãs da banda que viveram com eles os seus tempos áureos relembraram o sucesso e com eles marcaram época.
Ainda conversando com amigos que lamentavam a morte de Jorge, Vera Abreu contava a situação do amigo dele Pedrinho, seu esposo, que mal sabia ela que dois dias depois seria o dia da sua partida.
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