Compartilhe

Mauro Cid detalha como repassou US$ 86 mil a Bolsonaro por venda de joias e relógio de luxo

Por O Globo    Sexta-Feira, 21 de Fevereiro de 2025


O tenente-coronel Mauro Cid afirmou, em acordo de delação premiada, que entregou US$ 86 mil em espécie – de forma parcelada – para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) após a venda de relógios de luxo e dos kits de joias recebidos pelo ex-mandatário como presentes dados a ele enquanto representante do Estado brasileiro. A negociação é alvo de um inquérito no qual a Polícia Federal indiciou Bolsonaro pela prática de peculato, que é a apropriação indevida de bens públicos. Os vídeos da delação foram tornados públicos na quinta-feira.

Cid detalha pagamentos a Bolsonaro após venda de joias e relógios

De acordo com o relato de Cid à Polícia Federal, os valores foram obtidos após a venda de relógios das marcas Rolex e Patek Philippe para a loja Precision Watches, da Filadélfia (Estados Unidos) — no valor total de US$ 68 mil . Esses valores foram pagos de maneira fracionada, em remessas de US$ 30 mil US$ 10 mil e US$ 20 mil, além de parcelas finais com valores não detalhados, em um total de R$ 68 mil.

 

Cid detalha pagamentos a Bolsonaro após venda de joias e relógios

Além disso, houve um pagamento de US$ 18 mil obtidos com a venda de um kit de joias Chopard a uma loja localizada no Seybold Jewlery, em Miami. Ao todo, o valor chega a US$ 86 mil.

 

Os pagamentos aconteceram da seguinte forma

 

Venda dos relógios Rolex e Patek Philippe (US$ 68 mil)

 

  • US$ 30 mil pagos em espécie em Nova York por Lourena Cid a Bolsonaro em setembro de 2022, durante viagem para Assembleia-Geral da ONU
  • US$ 10 mil no final de 2022, em Brasília, quando Lourena Cid participou de um evento da Apex
  • US$ 20 mil pagos por Lourena Cid a Bolsonaro em fevereiro de 2023, durante viagem do ex-presidente a Miami
  • Restante pago em março de 2023 por Lourena Cid, já no Brasil

 

Venda do Kit Chopard (US$ 18 mil)

 

  • O pagamento de US$ 18 mil ocorreu em uma única parcela, em junho de 2022

 

O ex-ajudante de ordens disse aos investigadores que os pagamentos foram feitos na conta do seu pai, o general Mauro Cesar de Lourena Cid, que morava nos Estados Unidos, e depois repassados de forma fracionada a Bolsonaro, sempre em espécie "de forma a evitar que circulasse no sistema bancário normal".

— Em dinheiro. Não teve nota nem nada — disse Cid ao delegado durante depoimento.

O militar relatou, então, que retornou ao Brasil com o dinheiro em espécie e entregou os US$ 18 mil ao ex-presidente, tendo ficado apenas com uma quantia suficiente para cobrir os custos com a viagem, como passagem aérea e aluguel de carro.

— [O restante] ficou na conta do meu pai e ele iria tirando devagar e eu ia dando ao presidente de tanto em tanto. (...) Acertei com ele [o pai do delator] que ele iria tirando aos poucos e cada vez que alguém viesse ao Brasil ou alguma coisa assim a gente ia entregando aos poucos para o presidente — contou Cid em depoimento.

O tenente-coronel detalhou o pagamento de algumas parcelas, como um repasse de US$ 30 mil durante a participação do ex-presidente na Assembleia Geral da ONU, em Nova York.

— Em setembro, quando a gente foi lá [aos Estados Unidos] para a Assembleia-Geral da ONU, meu pai fazia parte da comitiva que ia encontrar o presidente lá. E foi aí que ele deu uma grande parte [do dinheiro] para o presidente. Meu pai estava em Miami, foi para Nova York, e aí deu uma grande parte ao presidente. Foi uns US$ 30 mil, quase tudo. (...) Ele entregou para mim e eu passei para o presidente — afirmou.

Depois, em novembro ou dezembro de 2022, segundo Cid, o seu pai viajou ao Brasil com mais US$ que também foram entregues a Jair Bolsonaro.

As demais parcelas, segundo a delação, foram pagas no fim de fevereiro de 2023, quando Bolsonaro recebeu do pai de Cid US$ 20 mil, e que o restante foi pago no retorno de Lourena Cid ao Brasil, em março de 2023. Os pagamentos finais foram feitos com o intermédio de Osmar Crivelati, que era assessor direto de Bolsonaro. Segundo Cid, "os valores foram repassados em sua totalidade ao ex-Presidente".

« Voltar

POLÊMICA

AISP critica Câmara de Patos por retirada da cabine de imprensa prejudicando profissionais

NA PARAÍBA

Policiais da Paraíba fazem novo protesto em frente à granja do governador, em João Pessoa

Veja também...

NO SERTÃO

Junior Contigo destaca investimentos na educação da Zona Sul com construção da quadra

POLÊMICA

AISP critica Câmara de Patos por retirada da cabine de imprensa prejudicando profissionais

MUDANÇAS

SAF do Fluminense: conversa avança, e investidores farão proposta