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Bruno Henrique, do Flamengo, pode ser banido?

Desde que a Operação Penalidade Máxima foi deflagrada, em fevereiro de 2023, mais de 30 jogadores foram julgados pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) por envolvimento no esquema de manipulação de apostas esportivas. Motivo pelo qual Bruno Henrique, do Flamengo, está sendo investigado pela Polícia Federal e Ministério Público do Distrito Federal.

+ Advogado de Bruno Henrique diz que mensagens estão "fora de contexto"

 

Bruno Henrique, do Flamengo, é indiciado por suspeita de manipulação de apostas

O atacante do Flamengo foi indiciado no artigo 200 da Lei Geral do Esporte – fraudar, por qualquer meio, ou contribuir para que se fraude, de qualquer forma, o resultado de competição esportiva ou evento a ela associado –, com pena de dois a seis anos de reclusão, e estelionato, que prevê pena de um a cinco anos de prisão. Se for denunciado pelo MP, terá de responder na Justiça Comum.

O STJD ainda não abriu inquérito para investigar o caso. A Procuradoria solicitou o compartilhamento do relatório da Polícia Federal, e a tendência é que um processo seja aberto. Na esfera esportiva, a pena pode chegar a dois anos de suspensão e até banimento do futebol. A Operação Penalidade Máxima registrou multas, suspensões de 360 a 720 dias, além de eliminações.

Nos últimos anos, o STJD recebeu mais de 300 alertas sobre movimentações suspeitas no mercado de apostas, mas poucos casos foram levados adiante.

- A grande maioria dos alertas não vira processo ou redunda em absolvição, por causa da dificuldade de instrumentos persecutórios. Num recorte de 2022 a 2024, nós temos mais de 150 alertas no Brasil em 2022, aproximadamente 120 em 2023 e 57 em 2024. Desses todos, nós tivemos, no âmbito da Justiça Desportiva, mais de 30 condenados. Todos esses condenados estão ligados a uma atuação persecutória do Estado - explicou, ao ge, o presidente do STJD, Luís Otávio Veríssimo Teixeira.

As condenações se dão com a ajuda da Justiça Comum, que tem à disposição recursos como quebra de sigilo bancário, extração telemática, delação... Com estas provas em mãos, o STJD tem elementos mais contundentes para dar seguimento a um processo. No caso de Bruno Henrique, estes dados não estavam à disposição no ano passado e só foram expostos recentemente, com os prints de conversas presentes na investigação da Polícia Federal.

Bruno Henrique foi indiciado pela Polícia Federal por supostamente ter recebido cartão amarelo para beneficiar apostadores — Foto: André Durão

O que acontecerá com Bruno Henrique? O atacante do Flamengo poderá ser banido do futebol? O ge reuniu 33 casos de jogadores que foram investigados pelo STJD nos últimos anos. Veja abaixo os motivos e quais foram as punições:

Banidos

• Diego Porfírio - multa de R$ 60 mil
  Quando defendia o Coritiba, aceitou dinheiro de apostadores para receber cartão amarelo no duelo contra o América-MG, pela 25ª rodada do Brasileirão
• Gabriel Tota - multa de R$ 30 mil
  O meia ex-Juventude, segundo a investigação, aliciava companheiros de clube por intermédio dos apostadores
• Matheus Gomes - multa de R$ 10 mil
  O goleiro ex-Olaria-RJ apresentou o jogador Fernando Neto, atualmente no Amazonas, ao apostador Bruno Lopez de Moura, chefe do esquema e que chegou a ser preso pela operação
• Romário - multa de R$ 80 mil
  A investigação apontou que o jogador ex-Vila Nova era o pivô do esquema, tendo procurado outros atletas para participarem da fraude
• Ygor Catatau - multa de R$ 70 mil
  O jogador foi identificado como intermediário entre os apostadores e cinco jogadores do Sampaio Corrêa-MA, time que defendia

Ygor Catatau, ex-Vasco, foi banido do futebol — Foto: Rafael Ribeiro / Vasco

Suspensos e prestes a voltar

• Gabriel Domingos - 720 dias e multa de R$ 80 mil
  Ex-Vila Nova-GO, o jogador foi acusado de ter aceitado suborno de apostadores para cometer um pênalti em um jogo contra o Sport, pela Série B de 2022
• Moraes - 760 dias e multa de R$ 55 mil
  Então no Juventude, o jogador foi acusado de ter aceitado dinheiro para receber cartões amarelos nos jogos contra Goiás e Palmeiras, pelo Brasileirão de 2022
• Nino Paraíba - 720 dias e multa de R$ 100 mil
  Admitiu que recebeu dinheiro para levar cartões amarelos em três partidas do Paysandu
• Paulo Miranda - 720 dias e multa de R$ 70 mil
  Acusado de ter aceitado dinheiro para forçar cartões amarelos em jogos do Juventude
• Vitor Mendes - 720 dias e multa de R$ 70 mil
  Então no Juventude, ele foi acusado de ter aceitado dinheiro para levar um cartão amarelo na partida contra o Fortaleza, pelo Brasileirão de 2022

Vitor Mendes, ex-Fluminense, foi suspenso por 720 dias — Foto: Mailson Santana / Fluminense FC

Cumpriram suspensão

• Alef Manga - 360 dias e multa de R$ 50 mil - joga no Avaí
  Acusado de ter recebido um cartão amarelo de propósito em um jogo do Coritiba contra o América-MG em 2022
• André Luiz - 600 dias e multa de R$ 50 mil - joga no Volta Redonda
  Então no Sampaio Corrêa-MA, ele foi acusado de ter aceitado dinheiro para receber cartão amarelo no jogo contra o Londrina, pela Série B de 2022
• Bryan García - 360 dias e multa de R$ 50 mil - joga no Independiente Juniors (EQU)
  O ex-Athletico-PR admitiu ter recebido dinheiro para levar um cartão amarelo no jogo contra o Fluminense, pela 25ª rodada do Brasileirão de 2022
• Dadá Belmonte - 600 dias e multa de R$ 70 mil de multa - sem clube
  Acusado de ter sido expulso de propósito em um jogo do Goiás contra o Fluminense, pelo Brasileirão de 2022
• Eduardo Bauermann - 360 dias e multa de R$ 35 mil - joga no Pachuca (MEX)
  O defensor ex-Santos teria aceitado levar um cartão amarelo contra o Avaí em 2022. Após não cumprir o combinado, combinou de ser expulso contra o Botafogo. Ele chegou a levar o cartão vermelho, mas após o apito final, o que não é válido nas casas de apostas
• Fernando Neto - 360 dias e multa de R$ 15 mil - joga no Amazonas
  Acusado de aceitar ser expulso em um jogo do Operário-PR contra o Sport. O volante embolsou R$ 40 mil como adiamento, mas não recebeu o cartão e ficou sem o restante do valor
• Igor Cariús - 360 dias e multa de R$ 40 mil - joga no Sport
  Acusado de ter aceitado dinheiro para receber um cartão amarelo em um jogo do Cuiabá contra o Atlético-MG, pelo Brasileirão de 2022
• Kevin Lomónaco - 360 dias e multa de R$ 25 mil - joga no Independiente (ARG)
  Acusado de ter aceitado dinheiro para receber um cartão amarelo em um jogo do Red Bull Bragantino contra o América-MG, pelo Brasileirão de 2022
• Mateusinho - 600 dias e multa de R$ 50 mil - joga no Cuiabá
  Acusado de ter cometido um pênalti de propósito na partida entre Sampaio Corrêa e Londrina, pela Série B de 2022
• Nathan Palafoz - 360 dias e multa de R$ 20 mil - joga no Cianorte (PR)
  Acusado de ter aceitado dinheiro para receber um cartão amarelo no jogo do Avaí contra o Athletico-PR. Como não conseguiu cumprir, o jogador devolveu o dinheiro aos apostadores
• Paulo Sérgio - 600 dias e multa de R$ 50 mil - sem clube
  Então no Sampaio Corrêa-MA, ele foi acusado de manipular um pênalti em jogo contra o Londrina, pela Série B de 2022
• Sávio - 360 dias e multa de R$ 30 mil - joga no Remo
  Acusado de ter aceitado dinheiro para receber um cartão amarelo no jogo do Goiás contra o Red Bull Bragantino em 2022

Suspenso por 360 dias, Alef Manga voltou a jogar e está no Avaí — Foto: Guilherme Griebeler/Avaí

Multados

• Nathan - multa de R$ 10 mil - joga no Grêmio
  Nome do jogador foi citado por integrantes da quadrilha em conversas do WhatsApp como um dos jogadores que teriam sido cooptados pelo esquema quando ele estava no Fluminense
• Richard - multa de R$ 10 mil - joga no Alanyaspor (TUR)
  Segundo mensagens anexadas à investigação, Richard teria conversado com apostadores quando ainda era jogador do Ceará
• Thonny Anderson - multa de R$ 40 mil - joga no Tokushima Vortis (JAP)
  Investigado por ter recebido um cartão amarelo em jogo do Coritiba contra o Athletico-PR em 2022

Nathan teve nome citado por integrantes da quadrilha de manipulação de apostas — Foto: Renan Jardim / Grêmio FBPA

Absolvidos

• Allan Godói - joga no Operário (PR)
  Foi apontado como alvo de um esquema criminoso para o cometimento de um pênalti no primeiro tempo do jogo do Sampaio Corrêa-MA contra o Londrina em 2022
• Jarro Pedroso - joga no Inter de Santa Maria (RS)
  Investigado por ter cometido um pênalti no jogo do São Luiz contra o Caxias, pelo Campeonato Gaúcho de 2023
• Jesús Trindade - joga no Barcelona (EQU)
  Investigado por ter recebido um cartão amarelo no jogo do Coritiba contra o Athletico-PR
• Joseph - joga no Operário (PR) - processo arquivado
  Investigado por ter cometido um pênalti na partida do Tombense contra o Criciúma, pela Série B de 2022
• Nikolas Farias - aposentado
  Investigado por ter cometido um pênalti no jogo do Novo Hamburgo contra o Esportivo, pelo Campeonato Gaúcho de 2023
• Pedro Henrique - joga no Shakhtar Donetsk (UCR)
  Teve o nome citado, junto ao de Bryan García, em conversas com apostadores, mas não virou réu na Operação Penalidade Máxima II
• Sidcley - joga no Botafogo-PB
  Investigado por ter recebido um cartão amarelo no jogo do Athletico-PR contra o Cuiabá, mas o lateral acabou não entrando em campo
• Victor Ramos - joga no Rio Branco (PR)
  Investigado por ter aceitado cometer um pênalti no jogo da Portuguesa contra o Guarani, pelo Campeonato Paulista de 2023. As apostas não foram registradas

Pedro Henrique foi absolvido e hoje defende o Shakhtar Donetsk — Foto: Glyn KIRK / AFP