O Corinthians fechou 2024 com as contas no vermelho e um aumento de 30% em seu endividamento.
O balanço financeiro do primeiro ano da gestão do presidente Augusto Melo apresenta déficit de R$ 181,766 milhões. O clube vinha de três anos seguidos com superávit e agora volta a ter um resultado negativo. Porém, a atual diretoria alega ter herdado dívidas da gestão anterior (entenda melhor abaixo).
A dívida do Corinthians, que já era alta, disparou e chegou a R$ 2,5 bilhões, dos quais R$ 1,8 bilhão é do clube e mais R$ 668 milhões do financiamento da Neo Química Arena. Isso representa um aumento de cerca de R$ 600 milhões em apenas um ano. Ao final de 2023, a dívida era de R$ 1,9 bilhão.
Augusto Melo, presidente do Corinthians — Foto: Rodrigo Coca / Ag.Corinthians
O balanço é assinado pela GF Brasil Auditoria & Consultoria. Os contadores responsáveis pelo documento alertam para a situação crítica do clube do Parque São Jorge e assinalam "incerteza relevante que pode levantar dúvida significativa quanto à capacidade de continuidade operacional do clube".
Para explicar os valores negativos, a atual diretoria do Corinthians afirma ter herdado R$ 191,296 milhões em dívidas que não foram contabilizadas por gestões passadas. O valor é dividido entre impostos, juros sobre parcelamentos de execuções fiscais municipais (2022 e 2023) e contingências em processos que não foram classificados como "perda provável" em balanços anteriores.
No balanço de 2023, último ano da gestão de Duilio Monteiro Alves, o Corinthians reservava um valor para "provisão de contingências" de R$ 10 milhões. Em 2024, os números explodiram e saltaram para R$ 163,9 milhões. Na prática, a interpretação da atual diretoria é de que o clube sofrerá derrotas em processos que estão em em curso nas esferas fiscais, trabalhistas, cíveis, além de contratos que estão em debate na Fifa e no CNRD, órgão criado pela CBF.
O resultado negativo acontece apesar do faturamento recorde do Corinthians. No ano passado, o clube bateu seu recorde de arrecadação, registrando uma receita bruta de R$ 1,115 bilhão.
A principal fonte do dinheiro foi com a venda de jogadores, totalizando R$ 338,4 milhões. Logo atrás, aparece a venda dos direitos de transmissão no valor de R$ 295 milhões, seguido pela arrecadação com verbas de patrocínio e publicidade: 253,7 milhões.
Fontes de receitas do Corinthians em 2024
Fonte: Balanço financeiro
Porém, ao mesmo tempo em que arrecadou mais, o Corinthians também aumentou seus gastos. A maior despesa foi com pessoal. Ou seja, salários, direitos de imagem e demais encargos. No total, foram gastos R$ 428,6 milhões em 2024. No ano anterior, o Timão tinha gasto R$ 398,4 milhões.
O alto endividamento do clube aliado à elevada taxa de juros do Brasil fez com que o Corinthians gastasse muito com despesas financeiras, principalmente juros. R$ 279,1 milhões foram drenados do caixa alvinegro.
Para honrar seus compromissos, o clube tomou empréstimos e aumentou seu endividamento. Veja abaixo a composição da dívida de curto prazo do clube:
Corinthians tem aumento considerável de dívidas de curto prazo — Foto: Reprodução
Feita a entrega pela gestão, o documento passará pela análise do Conselho Fiscal, Conselho de Orientação (CORI) e pelo Conselho Deliberativo. Caso os números apresentados não sejam aprovados, há a prerrogativa da abertura de mais um processo de impeachment do presidente Augusto Melo.
De acordo com a Lei Geral do Esporte, todas as agremiações precisam apresentar o balanço financeiro até o fim do mês de abril. Embora a gestão tenha protocolado o documento aos órgãos fiscalizadores do Corinthians, a entrega apenas estará completa depois de ser analisada, debatida e votada pelos conselheiros do Timão.
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