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Polícia identifica novas empresas de fachada em investigação no Timão

Por Globo Esporte    Sábado, 22 de Junho de 2024


A Polícia Civil de São Paulo identificou novas empresas, citadas como sendo de fachada, que tiveram relações financeiras com a Neoway, companhia que está no centro das investigações de supostas fraudes nos repasses de comissões do acordo entre a casa de apostas VaideBet e o Corinthians.

A Carvalho Distribuidora, a ACJ Platform Comércios e Serviços e a Thabs Gestão e Serviços são listadas num relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) feito após consulta dos investigadores. Além das empresas, o relatório também expõe uma mulher de São Bernardo do Campo.

O delegado Tiago Fernando Correia, da Delegacia Investigações sobre Crimes de Lavagem, determinou o levantamento e a intimação de pessoas que tenham operado financeiramente com essas empresas para que expliquem a natureza das transações – todas na condição de testemunhas.

O pedido da polícia ao Coaf afirma que a ACJ e a Thabs já foram identificadas como “empresas frias”.

Terceira Delegacia da Polícia Civil investiga o caso que envolve VaideBet e Corinthians — Foto: José Edgar de Matos

Terceira Delegacia da Polícia Civil investiga o caso que envolve VaideBet e Corinthians — Foto: José Edgar de Matos

ge verificou que as três companhias foram criadas em 2023, têm capital social de R$ 100 mil ou mais e são administradas por um único sócio cada – todos beneficiários recentes de programas sociais do Governo Federal.

Trata-se de cenário muito semelhante ao da Neoway, apontada como empresa de fachada que recebeu parte da comissão pela intermediação do contrato de patrocínio entre a VaideBet e o Corinthians.

A Neoway tem como sócia Edna Oliveira dos Santos, mulher que vive em bairro humilde de Peruíbe, no litoral paulista, que teria sido usada como laranja para a abertura da empresa.

A Thabs foi constituída em janeiro de 2023, num bairro nobre de São Paulo, com capital de R$ 140 mil e tem como sócio um homem cujo endereço, na ficha da empresa, é de São Paulo. Ele, porém, consta como beneficiário do Auxílio Emergencial entre 2020 e 2021 em Peruíbe, a mesma cidade Edna.

A Carvalho Distribuidora também foi criada em janeiro do ano passado, com capital de R$ 100 mil e sede em Guarulhos. Seu sócio é um homem de Itajaí-SC que recebeu o Auxílio Emergencial entre abril e dezembro de 2020.

Augusto Melo na apresentação da VaideBet no Corinthians — Foto: Jozzu/Agência Corinthians

Augusto Melo na apresentação da VaideBet no Corinthians — Foto: Jozzu/Agência Corinthians

A ACJ tem como data de constituição 11 de julho de 2023, três dias antes da Neoway, e também tem sede em São Paulo. O capital é de R$ 150 mil, todas as cotas de uma mulher que recebeu regularmente R$ 750 mensais do Bolsa Família entre março de 2023 e março de 2024, de acordo com o Portal da Transparência.

A polícia apura o suposto desvio de parte da comissão que a Rede Social Media Design recebeu pela intermediação do acordo.

A Rede Social tem como sócio Alex Cassundé, que prestou serviços ao presidente do Corinthians, Augusto Melo, durante a campanha no ano passado. A agência teria feito dois depósitos, um de R$ 500 mil e outro de R$ 400 mil, à Neoway.

O caso levou a VaideBet a romper o contrato com Corinthians pelo que considerou danos à sua imagem. O acordo, assinado em janeiro, tinha validade até o fim de 2026 e previa o pagamento de R$ 370 milhões no total.

Na sexta, o delegado Tiago Fernando Correia confirmou que a polícia também investiga uma suposta conversa em um aplicativo de mensagens entre Cassundé e uma pessoa que teria indicado a Neoway para receber parte do dinheiro.

Nas conversas, que ainda serão periciadas, uma pessoa que é identificada como Cassundé questiona em que conta deve transferir o dinheiro e recebe como resposta os dados bancários da Neoway.

Em nota divulgada na sexta-feira à noite, o Corinthians diz o presidente Augusto Melo registrou Boletim de Ocorrência e pediu a abertura de um inquérito, alegando que pessoas de sua família foram vítimas de montagens nos prints.

 

Entenda o caso

 

VaideBet e Corinthians romperam o contrato no dia 7 de junho, cinco meses depois de celebrarem o maior acordo de patrocínio do futebol brasileiro.

A crise se instaurou no dia 27, quando a patrocinadora máster notificou o clube extrajudicialmente pedindo esclarecimento em torno das notícias envolvendo o possível repasse de parte comissão do intermediário para um "laranja". O contrato firmado previa R$ 370 milhões ao clube e era válido até o fim de 2026.

Além da notificação da VaideBet, Augusto Melo recebeu um pedido da Polícia Civil, que também cobra respostas e pediu acesso ao contrato com a empresa.

Polícia abriu inquérito e busca esclarecimentos da denúncia feita pelo "Blog do Juca Kfouri" de que a Rede Social Media Design, empresa que intermediou o contrato de patrocínio, supostamente repassou parte do valor recebido em comissão a uma empresa "laranja", chamada Neoway Soluções Integradas em Serviços Ltda.

Essa empresa está no nome Edna Oliveira dos Santos, que nem sequer saberia da existência da mesma. Até o encerramento do acordo, duas parcelas de R$ 700 mil foram repassadas pelo clube para o intermediário que está registrado no contrato de patrocínio.

A notícia não agradou à VaideBet, que entendeu ter a imagem prejudicada com as inúmeras especulações em torno do contrato com o Corinthians.

Em notificação enviada em 27 de maio, a empresa informa que os fatos narrados representam efetiva violação da cláusula anticorrupção do contrato de patrocínio e deu dez dias para que o Corinthians apresente explicações sobre o caso.

O clube respondeu aos questionamentos, alegando estar contribuindo com as investigações.

Corinthians notificou extrajudicialmente a empresa intermediária, que tem como sócio Alex Cassundé, prestador de serviços durante a campanha de Augusto Melo à presidência. O clube ainda aguarda explicações sobre o suposto “laranja”.

Na sexta-feira (7 de junho), a VaideBet optou por rescindir o contrato usando como argumento a cláusula anticorrupção.

Assinado no começo do ano, o vínculo entre Corinthians e VaideBet tinha validade até o fim de 2026 e previa o pagamento de R$ 370 milhões – o clube recebeu cerca de R$ 66 milhões desde janeiro. Em nota, o clube alfinetou a empresa pelo rompimento.

A última atualização da Polícia indica a possibilidade de uma investigação paralela no caso, com a contratação até de um detetive particular.

Adriana Ramuno, identificada primeiramente como "Ana" por Edna Oliveira dos Santos, citada como "laranja" na investigação, deu depoimento às autoridades na capital paulista.

Em oitiva que durou cerca de uma hora, Adriana Ramuno afirmou que é funcionária de um detetive particular e se dirigiu a Peruíbe para realizar duas perguntas a Edna: se ela morava no local e se tinha conhecimento sobre a Neoway Soluções Integradas, empresa que supostamente recebeu os repasses da intermediadora do acordo.

Ainda em depoimento, Adriana relatou desconhecer qualquer informação sobre o cliente responsável pela contratação do escritório de detetive particular. A funcionária assegurou ser padrão não ter detalhes sobre os contratantes, como no caso da investigação que a levou até Edna.

A funcionária do detetive particular foi a segunda testemunha ouvida nesse caso. Ela foi reconhecida por foto por Edna e acabou convocada a depor na última terça-feira.

Na terça-feira, dia 25, será a vez do depoimento de Alex Cassundé, sócio da Rede Social Media Design, empresa que intermediou o acordo entre a casa de apostas e o clube de Parque São Jorge.

O chefe de Adriana Ramuno, identificado por enquanto apenas como Felipe, também será intimado a prestar esclarecimentos nas próximas semanas.

A empresa de Cassundé, que só teve tempo de receber R$ 1,4 milhão dos R$ 25 milhões acordados pela intermediação, é alvo de investigação por supostamente ter feito dois repasses (R$ 900 mil no total) para a Neoway Soluções Integradas, tratada pela Polícia como empresa "fantasma".

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