No início de fevereiro, o pai e empresário de Gerson, Seu Marcão, cobrou publicamente do Flamengo uma valorização financeira ao seu filho. Na ocasião ele disse que, "dentro do pelotão de elite, (o meia) tem um dos menores salários" do elenco. Um aumento para o jogador vinha sendo considerado pela gestão anterior há um tempo, mas nunca foi concretizado.

O posicionamento público do pai de Gerson, no entanto, não foi bem recebido pela atual diretoria, que esperava que o assunto fosse resolvido internamente. Entenderam a atitude como uma forma de pressão e acreditam que ceder passaria uma mensagem errada ao elenco.

Gerson teve duas passagens pelo Flamengo desde 2019, ano que foi fundamental nas conquistas do time. Ali foi tratada a possibilidade de um aumento para o jogador, o que não aconteceu antes de ele ser vendido para o Olympique de Marselha, da França, em meados de 2021.

O meia voltou ao clube rubro-negro em 2023, com um salário quase duas vezes maior ao que ganhava quando saiu. Nos últimos meses, seu estafe vinha negociando com o clube a possibilidade de uma valorização.

Com a troca de diretoria no início deste ano, as conversas teriam que voltar para o estágio inicial. Na visão do estafe, Gerson tem quatro anos e dois meses de clube sem nunca receber reajuste, já que quando voltou da França foi feito um contrato novo e não um aumento em cima de um já existente.

O ge procurou pessoas próximas ao jogador e às duas gestões do clube para entender por que o empresário de Gerson cobrou publicamente a valorização para o jogador. Veja na linha do tempo:

• Gerson chegou ao Flamengo em julho de 2019 e foi importante nas conquistas da Libertadores e do Brasileiro. O salário era considerado baixo na época e foi tratada a possibilidade de reajuste após a Recopa Sul-Americana, em fevereiro de 2020.
• À época, a ideia era renegociar alguns contratos dando uma valorização salarial, mas, por causa das incertezas provocadas pela pandemia de Covid-19 a partir de março daquele ano, o clube recalculou a rota. Houve aumento para alguns atletas, mas Gerson ficou entre os que não foram valorizados.
• No ano seguinte, Gerson foi vendido ao Olympique por cerca de 25 milhões de euros (R$ 160 milhões), com aditivos por metas que poderiam chegar a 30 milhões de euros. O jogador propôs ficar no Flamengo a depender de uma valorização, mas o clube não tinha condições financeiras na ocasião e precisava da venda por causa da crise consequente da pandemia.

• Em janeiro de 2023, o Flamengo oficializou o retorno do meia por 16 milhões de euros (cerca de R$ 92 milhões). Gerson voltou ganhando quase o dobro do que recebia quando deixou o clube, mas ainda era menos do que ganhava os principais nomes do elenco.
• Segundo o empresário, Gerson abriu mão de receber mais na França para voltar ao Flamengo, mas havia a promessa de um reajuste salarial à frente. Em 2024, já com o apoio do técnico Filipe Luís, as partes deixaram para conversar no final do ano, o que não se concretizou por causa da troca de diretoria.
• Filipe Luís segue defendendo um aumento salarial para o capitão rubro-negro, algo que o técnico afirmou em entrevista coletiva recentemente. Ele chegou a conversar com o novo diretor de futebol, José Boto, explicando que a valorização seria importante.
• A nova diretoria rubro-negra ainda não conversou com o estafe de Gerson sobre a possibilidade de valorização salarial.

Campeão da Supercopa do Brasil com o Flamengo em 2025, Gerson espera valorização financeira do clube — Foto: Divulgação Flamengo

Proposta da Rússia

Nos últimos dias, o Flamengo recebeu uma proposta do Zenit por Gerson, no valor de 18 milhões de euros (R$ 107 milhões). O clube recusou e afirmou que "nenhum jogador considerado imprescindível será negociado nesta janela de transferências".

Mesmo com a negativa do Flamengo, o Zenit segue interessado no meio-campista e tem até o dia 20 de fevereiro, quando fecha a janela de transferências da Rússia, para apresentar uma nova proposta e tentar convencer o Rubro-Negro a liberar Gerson.