Desde que assumiu o Flamengo, em outubro do ano passado, Filipe Luís vinha convivendo apenas com os louros pelo bom futebol apresentado pela equipe, somados aos títulos conquistados. Nas últimas duas semanas, porém, o treinador passou a assistir a uma bolha dar os primeiros indícios de crescimento, o que pode deflagrar sua primeira crise no cargo. A derrota frustrante e inesperada para o pouco expressivo Central Córdoba, estreante em Libertadores, no Maracanã, gerou as maiores críticas ao seu trabalho até aqui e impôs alguns desafios para os próximos dias, além de colocar em rota de colisão os discursos do técnico e da cúpula do futebol sobre o planejamento da temporada.
A discussão sobre poupar ou não poupar não é novidade, mas voltou à tona por conta da priorização dada pelo departamento de futebol ao Brasileirão de 2025, algo explicitado pelo diretor técnico José Boto em entrevistas. Diante do resultado surpreendente da última quarta-feira, entretanto, Filipe se manifestou em linha diferente.
— Isso não é verdade (poupar porque a diretoria prioriza o Brasileirão). A Libertadores é tão prioridade quanto o Brasileiro. Só que se poupou muito no Brasileiro nos últimos anos para jogar nas copas. Foi uma escolha minha. Sou eu que escolho quem vai entrar em campo — cravou.
Mesmo assim, houve uma contradição na derrota desta semana, quando Filipe lançou Gerson, Pulgar e Wesley no intervalo, o que foi interpretado como um ato de desespero. No fim, nem se poupou nem se venceu, e a derrota ainda teve a assinatura do técnico, como na escolha de escalar o jovem Evertton Araújo como titular.
O próximo jogo no torneio continental será em 22 de abril, contra a LDU, no Equador. Antes, o Flamengo terá três partidas pelo Brasileiro, diante de Grêmio — às 17h30 de domingo —, Juventude e Vasco. Uma lupa mais atenta estará sobre o desempenho da equipe nesse período.
Principalmente porque, nos jogos contra Deportivo Táchira, Vitória e Central Córdoba, apenas o primeiro tempo contra o time baiano foi aprovado. Antes da derrota para os argentinos, o Flamengo já parecia conseguir resultados no limite, apresentando queda de desempenho e muitas chances desperdiçadas no ataque.
Após sete meses de ausência por conta de uma grave lesão no joelho esquerdo, Pedro voltou na última partida, atuando por 25 minutos, mas sem conseguir ajudar muito — algo natural. A programação do clube é aumentar seu tempo em campo gradativamente, para que se recondicione de maneira ideal. Portanto, mesmo que o elenco sofra com opções alternativas no comando do ataque, não será o centroavante quem resolverá isso nos próximos desafios.
A atitude letárgica da equipe também foi alvo de críticas, algo que não é comum de se ver no time de Filipe Luís. Após vencer a Copa do Brasil no ano passado, os jogadores se mantiveram em alto nível mesmo em jogos do Brasileirão que nada valiam, já que o rubro-negro estava fora da disputa pelo título. Com o início “para valer” da temporada de 2025, após as conquistas da Supercopa e do Carioca, outra postura começa a dar as caras.
Como informou o Blog do Diogo Dantas, no GLOBO, o Fla comemora ter “zerado” o departamento médico e ter o elenco inteiro à disposição para o rodízio entre Libertadores e Brasileiro. Fora há um mês, Danilo deve voltar contra o Grêmio.
Precisando intensificar os cuidados com o elenco, a turbulência momentânea não deve afetar algo que está claro desde o início do ano e também está pacificado entre comissão técnica e diretoria: para manter as atuações em alta intensidade, a rotação precisará existir.
« Voltar