Os alertas de desmatamento na Amazônia Legal atingiram seu menor valor histórico para um mês de fevereiro. O número indica a diminuição das ações que têm destruído parte da floresta, mas especialistas apontam que ainda não são uma trégua definitiva.
➡️ De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), foram registrados 81 km² de áreas desmatadas no mês em 2025, o menor índice para fevereiro desde o início da série histórica em 2016.
A taxa representa uma queda de 64,3% em relação ao mesmo mês de 2024, quando foram detectados 227 km² de desmatamento.
🔴 O número é um sinal de queda nos alertas, mas ainda é relevante. Para se ter ideia, o desmatamento registrado em fevereiro representa uma área semelhante à da cidade de Vitória, capital do Espírito Santo. E ainda se soma a outros milhares de quilômetros de desmatamento acumulado ao longo dos anos na floresta. (Veja o gráfico abaixo)
🌱 ENTENDA: Os alertas foram feitos pelo Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), que produz sinais diários de alteração na cobertura florestal para áreas maiores que 3 hectares (0,03 km²) – tanto para áreas totalmente desmatadas como para aquelas em processo de degradação florestal (por exploração de madeira, mineração, queimadas e outras).
Ranking de desmatamento por estados:
O governo federal atribui a queda do desmatamento a um conjunto de medidas intensificadas nos últimos meses, como o aumento da fiscalização, o combate a crimes ambientais e o fortalecimento de políticas de preservação.
Para Marcio Astrini, secretário executivo do Observatório do Clima, os números mostram uma resposta do governo, mas ainda é preciso aguardar os meses de auge do desmatamento para observar o cenário. No início do ano, a região passa pelo inverno amazônico, que tem mais chuva, o que diminui as ações de desmate.
"O número indica uma tendência de redução do desmatamento, mas os meses de maior volume de desmatamento ainda estão por vir, que é quando começa o verão amazônico. Então, normalmente, maio, junho e julho é o período em que você precisa prestar mais atenção, porque você pode perder esse tendencial de número bom, se não houver um controle tão efetivo", explica.
O número de fevereiro se soma a uma sequência de anos em que a floresta vem sendo alvo de desmatamento. Nos últimos anos, o acumulado é de milhares de quilômetros de extensão.
Essas áreas vem sendo alvo de ações dos órgãos ambientais e a natureza até tenta se regenerar, mas o que pesquisas recentes indicam é que elas não conseguem completamente porque voltam a ser alvo de desmatamento.
Segundo uma pesquisa feito pelo Inpe, mais de 60% das áreas desmatadas na Amazônia que conseguiram se recuperar em um período de 15 anos foram novamente devastadas.
Por outro lado, enquanto a Amazônia celebra avanços na proteção ambiental, o cenário no Cerrado permanece preocupante, ainda de acordo com dados do Inpe.
Embora fevereiro de 2025 tenha registrado uma queda de 24% no desmatamento em comparação com o mesmo período de 2024 - com 494 km² contra 655 km² - os números ainda são considerados bastante elevados para o bioma (veja gráfico abaixo).
Os estados do Piauí (118,1 km²), Bahia (104,71 km²) e Tocantins (97,45 km²) lideram o ranking de áreas desmatadas, concentrando a maior parte da devastação.
Em contrapartida, estados como Mato Grosso (52,81 km²) e Maranhão (57,4 km²) apresentam índices menores, porém ainda significativos.
Os alertas de desmatamento são feitos pelo Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), do Inpe, que produz sinais diários de alteração na cobertura florestal para áreas maiores que 3 hectares (0,03 km²), tanto para áreas totalmente desmatadas como para aquelas em processo de degradação florestal (exploração de madeira, mineração, queimadas e outras).
O Deter, contudo, não é o dado oficial de desmatamento, mas alerta sobre onde o problema está acontecendo.
A medição oficial do desmatamento, feita pelo sistema Prodes, costuma superar os alertas sinalizados pelo Deter.
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