Um feto paraibano, com cerca de oito meses de gestação, passou por um procedimento de transfusão de sangue ainda dentro da barriga da mãe. O procedimento, feito na segunda-feira (18), foi realizado após o feto ser diagnosticado com anemia por equipes médicas da maternidade do Instituto Cândida Vargas, em João Pessoa, e é considerado raro e foi realizado apenas pela segunda vez na Paraíba.
A anemia no feto foi diagnosticada através de ultrassons de artéria cerebral média do feto. Ao ClickPB, Tamíris Baptista, hematologista infantil que acompanhou o caso, explicou como a doença estava afetando o feto.
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“A anemia é processo que configura uma queda na quantidade de hemácias, que são responsáveis por distribuir o oxigênio que a gente adquire na respiração. As hemácias se ligam ao oxigênio nos nossos pulmões e carregam ele para todo o corpo. O paciente com anemia não tem hemácias em quantidades adequadas e não oxigena o organismo. Um organismo sem oxigênio é um organismo que, na pior forma, acaba morrendo. Nossa transfusão foi para bloquear o processo de anemia e restaurar a saúde para o feto. É um procedimento com riscos, mas pesamos na balança o risco e o benefício, e por conta do benefício ser maior do que os riscos o procedimento foi realizado”, disse Tamíris.
Ainda segundo Tamíris Baptista, o feto desenvolveu anemia por incompatibilidade sanguínea entre ele e a mãe. Como visto pelo ClickPB, a mãe tinha o tipo de sangue A- e o feto A+.
Dias antes da realização do procedimento, profissionais da Agência Transfusional da Maternidade Cândida Vargas realizaram diversas coletas de sangue da mãe. As amostras foram coletadas de forma periódica e enviadas ao Hemocentro da Paraíba para facilitar e melhorar a triagem do sangue doado. Esse trabalho é considerado como essencial para o sucesso da transfusão.
Com duração entre 30 e 40 minutos, o procedimento foi feito no feto através de um cateter inserido diretamente no cordão umbilical, dentro do útero da mãe, que foi anestesiada para o procedimento. O sangue foi passado ao feto via seringa e injetado nele através dessa agulha.
O sangue doado para a transfusão veio do Hemocentro da Paraíba. A bolsa foi enviada ao Hemocentro de Pernambuco para passar por procedimentos que deram mais segurança ao feto.
De acordo com Tamíris Baptista, todo o procedimento foi feito sem intercorrências e tanto a mãe, que mora em uma cidade do interior do estado, como o feto estão bem.
“O procedimento foi feito com o feto tendo 32 semanas e cinco dias de gestação. A transfusão em si é rápida, em torno de 30 e 40 minutos. Não teve nenhuma intercorrência e está tudo bem com a mãe e com o feto, principalmente depois do procedimento. As taxas do feto estão certinhas. É muito importante lembrar que só foi possível realizar esse procedimento porque alguém se disponibilizou a doar um pouco do seu tempo e do seu sangue no hemocentro. Precisamos agradecer enormemente aos doadores de sangue”, contou a hematologista
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