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Cristãos no Egito: a realidade de quem é pressionado a negar a Jesus

Por Gospel Prime    Quarta-Feira, 16 de Abril de 2025


O Egito, país do norte da África com cerca de 111 milhões de habitantes, é formado majoritariamente por muçulmanos sunitas (90%), enquanto 10% da população se identifica como cristã. Embora representem aproximadamente 11 milhões de pessoas, os cristãos egípcios continuam sendo alvo de perseguição sistemática e discriminação, mesmo com a garantia constitucional de liberdade religiosa “absoluta”.

De acordo com Lizzie Francis Brink, consultora jurídica em liberdade religiosa global da ADF International, a maior parte dessa perseguição não parte diretamente do governo, mas é exercida pela própria população muçulmana majoritária.

“Entre os perseguidos estão os cristãos egípcios, que vivem em uma terra de maravilhas antigas e rica história — mas enfrentam discriminação diária, restrições severas e pressão constante para esconder sua fé”, afirmou Brink.

Para ela, o contraste entre o patrimônio histórico do Egito e a realidade dos cristãos locais representa um dilema constante: “Apesar do status do Egito como um gigante cultural e histórico na África, ele continua sendo uma luta constante para muitos fiéis.”

região sul do país, segundo Brink, é particularmente hostil, devido à forte presença de grupos islâmicos extremistas, como o Partido Salafi al-Nour, que mantém influência mesmo com restrições oficiais impostas pelo Estado. Nesses contextos, cristãos que vivem em zonas rurais podem enfrentar bullying escolar, discriminação no trabalho, agressões físicas, violência sexual e até ataques a bomba. Muitos desses episódios não são investigados ou sequer reconhecidos pelas autoridades, que também impõem obstáculos à construção de novos templos cristãos.

A situação se agrava no caso de muçulmanos convertidos ao cristianismo, que frequentemente enfrentam hostilidade familiar, marginalização social e ação estatal repressiva. O governo egípcio não reconhece oficialmente a conversão do islã para outra religião, tornando legalmente impossível alterar o registro religioso nos documentos oficiais. Além disso, convertidos podem ser acusados de blasfêmia, presos pelas forças de segurança e submetidos a longos períodos de detenção sem julgamento.

Um caso emblemático citado por Brink é o do iemenita Abdulbaqi Abdo, preso em 2021 após se juntar a um grupo no Facebook voltado a muçulmanos convertidos ao cristianismo. Ele foi formalmente acusado de “ingressar em grupo terrorista com conhecimento de seus propósitos” e de “desacato à religião islâmica”.

Após a detenção, Abdo foi transferido para uma prisão egípcia de segurança máxima, onde, segundo sua defesa, foi impedido de receber visitas da família e da equipe jurídica. Em 2023, ele declarou greve de fome e recusou atendimento médico como forma de protesto.

ADF International apresentou seu caso ao Grupo de Trabalho das Nações Unidas sobre Detenção Arbitrária. Como resultado da mobilização, Abdo foi libertado em janeiro de 2024 e recolocado em segurança em outro país. Mesmo com a liberdade, seu caso permanece em aberto, e a ADF continua acompanhando sua situação legal.

Durante visita ao Egito em março deste ano, Brink se reuniu com cristãos locais e advogados de defesa da liberdade religiosa. Ela destacou a fé e resiliência dos que, mesmo sob perseguição, continuam firmes. “Os cristãos egípcios vivem sob pressão constante — por causa de leis discriminatórias, ataques violentos e injustiça sistêmica. Apesar das promessas constitucionais e dos tratados internacionais que visam proteger a liberdade religiosa, a realidade apresenta desafios críticos”, afirmou.

Apesar das adversidades, Brink testemunhou que a esperança no Evangelho permanece viva entre os fiéis egípcios. “Durante minha viagem, testemunhei essa esperança em primeira mão”, declarou, conforme informações do portal The Christian Post.

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