Considerado um dos maiores apoiadores de Jair Bolsonaro (PL), o pastor Silas Malafaia afirmou estar decepcionado com a falta de posicionamento do ex-presidente durante as eleições municipais no Brasil, no último domingo (6). Em entrevista à jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, o religioso criticou o ex-presidente.
Segundo o pastor, Bolsonaro se omitiu e foi “covarde”, por ter tido medo de ser derrotado por Pablo Marçal (PRTB) em São Paulo, caso o ex-coach fosse eleito prefeito. Bolsonaro apoiou a campanha de Ricardo Nunes (MDB), atual prefeito da capital paulista, com quem tem uma aliança e indicou um vice à chapa.
Para Malafaia, não é papel de um líder se guiar pelas redes sociais. “Que porcaria de líder é esse?”, questionou. Ele ainda disse que enviou “mais de 30 mensagens duríssimas” para o ex-presidente, mas Bolsonaro não o respondeu, já que foi apoiado pelo pastor em momentos como quando “perto de ser preso”, chorou por cinco minutos ao telefone, sem parar, segundo relatou em entrevista.
Caso Bolsonaro continue inelegível até 2026, Malafaia revelou que irá apoiar a candidatura do atual governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, à presidência. O político do Republicanos, aliás, foi uma das duas alegrias de Malafaia nas eleições.
“Ele mostrou que um líder não anda atrás do povo. Um líder guia, anda na frente. Você não é um verdadeiro líder até que não ande sozinho. Tarcísio ganhou muito comigo. Liderança é sobre propósitos. Um líder não está preocupado com redes sociais, se vai perder ou se vai ganhar seguidores. Sofri um bombardeio dos robôs e da milícia digital do Pablo Marçal como ninguém mais sofreu. Não foi uma brincadeira. Eu perdi 1,5% de seguidores”, falou.
Outra alegria de Malafaia foi o posicionamento do deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO), que recuou no apoio a Pablo Marçal após a divulgação de um falso laudo médico que tentava acusar Guilherme Boulos de usar cocaína. “Ele dá um passo atrás. É neste momento que um homem mostra o seu caráter”, comentou.
Sobre as decepções que sofreu durante as eleições, Silas Malafaia contou que Magno Malta (PL), senador do Espírito Santo, recusou se posicionar contra Marçal. “‘Como assim? O que está em jogo é 2026. Esse cara vai rachar a direita. Vai rachar os evangélicos, que você representa’. Mas ele não tomou atitude”, falou sobre o diálogo com o senador.
Para ele, as redes sociais ditam o comportamento dos políticos atualmente, e por isso, muitos têm medo de agir contra o fluxo, dando uma opinião contrária, por exemplo.
Outra decepção teria sido com o deputado Marco Feliciano (PL-SP). “Um dia desses ele pregou na minha igreja. Disse: ‘Malafaia é como um pai que me dá conselhos, que me puxa a orelha’. Conversei com ele. Detalhei quem é Pablo Marçal. E esse cara faz um vídeo tentando me desmerecer, apoiando Pablo Marçal”.
Mais uma decepção foi com o deputado federal por Minas Gerais Nikolas Ferreira.
“Você sabia que nós temos agora bolsominions e nikolominions? É! O Nikolas, um garoto bom, um garoto de futuro, teve uma atitude de politiqueiro velho. Ele pertence ao PL. Ele tem que, no mínimo, ficar de boca fechada [sobre a eleição em São Paulo] porque o líder dele estava apoiando o [prefeito Ricardo] Nunes. E ele vem com uma história de que são dois copos: um [Ricardo Nunes] está cheio de veneno, e o outro [Marçal] você não sabe, ‘então vou arriscar'”, contou Malafaia à jornalista.
O pastor contou que se decepcionou com a atitude de Nikolas, chegou a mandar uma mensagem, mas foi ignorado.
“Agora vamos para a maior decepção: Jair Messias Bolsonaro. Um político é reconhecido por seus posicionamentos. Qual foi a sinalização que o Bolsonaro passou? ‘Eu não sou confiável em meus apoios políticos’. Quem vai fazer aliança com um cara que não é confiável? O que ele fez em São Paulo e no Paraná [onde se comprometeu anteriormente com alianças] foi uma vergonha”, criticou.
“Em São Paulo ele ficou em cima do muro. No Paraná, tendo candidato [indicado pelo PL] a vice [de Eduardo Pimentel, que concorre a prefeito], declarou para a mulher lá [Cristina Graeml, que concorria contra Pimentel] ‘pode usar meu nome’. Sinalizou duplamente. Gente! Isso não é papel da direita de nível maior. Eu apoio Bolsonaro. Mas eu já disse: sou aliado, e não alienado. Bolsonaro foi covarde, omisso. Para ficar bem sabe com quem? Com seguidores. Que político é esse, meu Deus?”, continuou o pastor.
Malafaia contou que mandou uma mensagem no WhatsApp para Bolsonaro questionando se ele apoiava Marçal, acusando-o de “jogar para os dois lados” nas eleições de São Paulo, já que não se posicionou sobre o caso publicamente.
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