A final do Campeonato Carioca, entre Botafogo e Vasco, promoverá um encontro de ideias e conceitos inovadores. Jovens treinadores, Alberto Valentim, de 43 anos, e Zé Ricardo, 47, são dois dos principais representantes da nova safra de técnicos.
Zé foi quem puxou a fila nos últimos anos. Após assumir interinamente o Flamengo em maio de 2016, precisou de 11 jogos e dois meses para ser efetivado.
Logo depois, vieram Jair Ventura no Botafogo, Carille no Corinthians e o próprio Valentim, que, embora não tenha sido efetivado pelo Palmeiras, dirigiu a equipe na reta final do Brasileirão 2017 - três meses após deixar o Alviverde, foi contratado pelo Alvinegro. Odair Hellmann, técnico do Inter, é o exemplo mais recente.
Alberto reconhece esse pioneirismo num passado recente de Zé Ricardo e mostra esperança de que outros jovens treinadores ganhem espaço no cenário nacional.
- Quando o Zé iniciou, e ele foi o promissor dessa geração, principalmente saindo como interino, foi muito legal ver a diretoria do Flamengo acreditando no trabalho dele. Torcemos para que abra mais portas.
- Com todo respeito, lógico, ao pessoal que já tem muito tempo de estrada, mas a gente torce para que essa nova geração venha com força também. Que as pessoas e os dirigentes acreditem para abrir portas também. Tem espaço para todo mundo - afirmou Valentim ao GloboEsporte.com.
Zé também fez elogios a Alberto Valentim nos últimos dias. Disse que é notório o crescimento alvinegro a partir da chegada do atual comandante.
- O Botafogo é uma grande equipe, uma grande camisa. Mostrou isso na outra semifinal. Notamos o crescimento depois da chegada do Alberto Valentim. O time tem jogadores de muita qualidade, precisamos estar bem para fazermos dois bons jogos. Tivemos dois confrontos recentes, com uma vitória para cada lado. Isso mostra a igualdade, não tem favorito.
Além da juventude, Zé e Valentim têm em comum o gosto pelo futebol da Itália. O primeiro é filho de italiano, trabalhou como treinador por lá e é fã de Arrigo Sacchi, técnico da Azzurra na Copa de 1994 e do grande Milan do final dos anos 80.
O alvinegro atuou por 10 temporadas e fez cursos e estágios na Itália antes de mergulhar na carreira de treinador. Admirador de Luciano Spalletti, técnico da Inter de Milão, Alberto sempre pontua que une em seu trabalho as escolas brasileira e italiana.
Alberto Valentim e Zé Ricardo são fãs da escola italiana de futebol (Foto: Vitor Silva/SSPress/Botafogo)
Saber que Zé é fã do futebol da Itália não surpreendeu Alberto, que apontou características do trabalho de seu oponente extraídas do País da Bota. Confira abaixo.
Você sabia que Zé Ricardo trabalhou na Itália e é fã de Arrigo Sacchi? Consegue identificar o estilo italiano na forma que Zé comanda seus times?
(O Vasco) É um time muito organizado, e eu também gosto muito da escola italiana. Sempre falei que busco unir as escolas de Brasil e Itália. E o Zé tem sim. Vejo muito isso na compactação e a organização tática do time dele e, com certeza, ele pegou muita coisa boa que tem lá.
O principal ponto em comum entre os estilos de vocês dois é a organização?
Organização, compactação. Time do Zé é muito compacto. Você consegue ver bem o modelo de jogo e que tem uma organização em todos os jogos. Cria-se uma identidade. A equipe do Zé também é assim.
Ele te elogiou e disse que é notória a melhora do Botafogo após sua chegada.
Fico muito feliz pelos elogios dele. É um reconhecimento e quando colega de trabalho elogia é muito bacana porque é a nossa área, é um cara que conhece muito de futebol. Fiquei muito feliz de saber dos elogios.
Você o acompanhou desde a primeira efetivação?
Muito legal, no início do trabalho do Zé Ricardo já dava pra ver que é um trabalho de muita qualidade. Quando você vê um treinador novo com um trabalho muito bom e que consegue implantar os conceitos que ele tinha na cabeça já no Flamengo e fazer com que o time jogasse bem, a gente fica na torcida para que fortaleça essa nova geração.
Você o aponta como um cara que abriu portas aos técnicos mais jovens, certo?
Depois aconteceu com o próprio Botafogo aqui com Jair, a gente vê o Inter fazendo. O Palmeiras também me deu oportunidade de ficar lá e não contratar outro treinador nos últimos 11 jogos do campeonato passado. Já agradeci ao Palmeiras publicamente, depois eles fizeram escolhas e não tem problema. Muito bacana que estão surgindo novos nomes e que estão conquistando seu espaço.