O paraibano Hugo Motta, deputado federal do Republicanos, caminha para ser eleito presidente da Câmara Federal no início do próximo ano. Se conseguir, ele será o segundo deputado da Paraíba a ser eleito para o cargo mais importante da 'Casa'.
Pouca gente sabe, mas há 78 anos um outro paraibano conseguiu a mesma façanha: Samuel Duarte, natural de Alagoa Nova, no Brejo.
Ele foi eleito presidente da Câmara em 1947 e ficou no cargo até dezembro de 1948.
Na época a Câmara vivia um impasse entre as bancadas de São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul e o paraibano surgiu como nome de consenso. Agora, Hugo vive um instante semelhante. Diante da polarização entre bolsonaristas e lulistas, Motta ganhou força junto ao Centro e tornou-se favorito por ter um discurso de equilíbrio.
Desde ontem Hugo Motta vem recebendo vários apoios. Já conta com pelo menos 6 partidos apoiando a sua candidatura (Podemos, MDB, Republicanos, PT, PL e PP), o que representa um total de 324 votos.
Samuel Duarte também assumiu o Governo da Paraíba, de forma interina, entre 15 de julho de 1945 e 6 de novembro do mesmo ano. Ele nasceu em Alagoa Nova (PB) no dia 10 de dezembro de 1904, filho de Joaquim José Duarte, proprietário agrícola, e de Cosima Pereira Duarte.
Matriculando-se na Faculdade de Direito do Recife, ainda estudante participou do movimento da Aliança Liberal, que em 1929 promoveu as candidaturas de Getúlio Vargas e João Pessoa — então presidente da Paraíba — respectivamente à presidência e à vice-presidência da República.
Após a derrota da chapa aliancista nas eleições de março de 1930 e o assassinato de João Pessoa em julho seguinte, participou em outubro da revolução que depôs o presidente Washington Luís (1926-1930). Lutando nas tropas lideradas por Agildo Barata, tomou parte nas operações que resultaram na deposição dos governos de Alagoas, Sergipe e Bahia.
Em 1931 bacharelou-se em ciências jurídicas e sociais, e ainda nesse ano assumiu a direção do jornal A União. A partir de 1933 passou a ensinar português e francês no Liceu Paraibano.
No pleito de outubro de 1934, elegeu-se deputado federal pela Paraíba na legenda do Partido Progressista. Ocupando sua cadeira na Câmara em maio do ano seguinte, tornou-se primeiro-secretário da comissão executiva de seu partido e teve o mandato interrompido em 10 de novembro de 1937, quando o advento do Estado Novo fechou os órgãos legislativos do país. Nesse mesmo ano foi nomeado advogado do Banco do Brasil em Recife, passando a fazer parte do contencioso dessa instituição financeira.
Durante a interventoria de Rui Carneiro na Paraíba (1940-1945) ocupou o cargo de secretário do Interior e Segurança Pública, e em várias ocasiões substituiu interinamente o interventor. Com a demissão de Rui Carneiro, foi nomeado interventor no estado em 27 de outubro de 1945. Dois dias depois, contudo, o presidente Getúlio Vargas foi deposto, chegando ao fim o Estado Novo. Assim como os demais interventores, foi destituído, passando o governo do estado ao desembargador Severino Montenegro no dia 3 de novembro.
Em dezembro de 1945, com a redemocratização do país, elegeu-se deputado à Assembléia Nacional Constituinte pela Paraíba na legenda do Partido Social Democrático (PSD). Assumindo sua cadeira em fevereiro do ano seguinte, participou dos trabalhos constituintes e, após a promulgação da nova Carta (18/9/1946), passou a exercer o mandato ordinário. Durante essa legislatura presidiu a Comissão de Constituição e Justiça e foi relator do projeto de estatuto dos funcionários públicos civis da união. Em março de 1947 assumiu a presidência da Câmara dos Deputados.
Reeleito deputado federal em outubro de 1950 na legenda da Coligação Democrática Paraibana, formada pelo PSD e o Partido Libertador, renunciou em janeiro de 1954 por ter sido nomeado avaliador dos Feitos da Fazenda. Ainda nesse ano tornou-se titular de um cartório no Rio de Janeiro, então Distrito Federal.
Além de ter exercido a advocacia, colaborou como jornalista no Correio da Manhã, Diário Carioca, Folha de S. Paulo, Era Nova e O Combate.
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